Traficantes das favelas do Jacarezinho e do Mandela, na zona norte do Rio, proibiram a venda de crack nas comunidades.
Nesta quarta-feira, eles afixaram cartazes nos locais alertando aos usuários que não seria mais possível comprar a droga.
Outros entorpecentes continuam sendo vendidos nas duas favelas, que são
controladas pela facção CV (Comando Vermelho), a mais antiga da cidade.
As duas comunidades são vizinhas.
Quem divulgou a decisão dos traficantes foi a ONG Rio de Paz, presidida
pelo ativista dos direitos humanos Antônio Carlos Costa. De acordo com
Costa, os traficantes tomaram a iniciativa depois que aumentou o índice
de roubos, furtos e brigas na comunidade.
Os traficantes do Rio são conhecidos por não permitirem esse tipo de atitude nas áreas sob seu domínio.
Costa afirmou que os bandidos calculam que hajam pelo menos mil usuários
que frequentam as duas favelas diariamente em busca do crack. Ainda
segundo o ativista, eles afirmam que a venda de crack representa 50% da
receita do tráfico no local, mas não estaria compensando pelo problemas e
pela atenção que o movimento estava chamando do poder público.
Costa acredita que a iniciativa, adotada em duas das principais favelas
controladas pela facção, deve se espalhar para outras comunidades.
"A ação é apoiada pelos moradores locais, que se revelam cansados em
lidar com esses usuários. O crack é uma droga que destrói a pessoa de
uma forma tal que ela vira um zumbi, um farrapo humano", afirmou Costa.
A maior preocupação agora, afirmou, é saber para onde vão esses
usuários. Há o temor de que eles reajam com violência à proibição.
"Queremos chamar também a atenção do poder público para que cuide dessas
pessoas. A proibição da venda vai provocar a migração de milhares de
dependentes para outros locais. Queremos que o governo se adiante a esse
processo", acrescentou.
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