Morte de Dicró deixa o samba de luto

Com a morte de Dicró, o samba perde o último integrante dos três malandro

 

Se sogra é alvo de piadas e maldades sem fim, um dos grandes responsáveis é o cantor e compositor Dicró. O sambista famoso pelo humor de duplo sentido em suas letras morreu na noite desta quarta (25), após sofrer um infarto, em Magé, na Baixada Fluminense.

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Carlos Roberto de Oliveira nasceu em 14 de fevereiro de 1946, em Mesquita, também no estado carioca. O apelido surgiu na época em que ele escrevia canções para um bloco de Carnaval de Nilópolis. Com a morte de Dicró, o samba perde o terceiro dos “três malandros”.

Ao lado de Moreira da Silva e Bezerra da SilvaAo lado de Moreira da Silva e Bezerra da Silva
Ao lado de Moreira da Silva e Bezerra da Silva, ele lançou o “Os Três Malandros In Concert” (1995), pra variar, uma sátira aos três tenores Luciano Pavarotti, José Carreras e Plácido Domingo. Juntos eles fizeram parte da história do samba no Brasil e inspiraram, por exemplo, a fase sambista de Marcelo D2. Moreira foi o mestre do samba de breque; Bezerra, praticamente criou o partido alto e Dicró, era defensor das raízes do pagode.

Em comum, esta geração criada nos anos 70 fazia graça da pobreza do povo que vive no morro, da sua simplicidade e espontaneidade, sem deixar de lado a crítica social e política. Em “Barra Pesada”, faixa do disco homônimo lançado em 1978, Dicró fazia rir da violência eminente. “Ladrão não anda de noite porque tem medo de ser assaltado/Já viraram camburão, eta lugar carregado”.

Mas a figura mais “malhada” durante todos estes anos, sem dúvida, foi a sogra. Com as piadas sobre ela Dicró foi parar até na Escolinha do Professor Raimundo. “A Vaca da Minha Sogra”, “Minha Sogra Parece Sapatão” e “O Bingo da Sogra” são apenas alguns títulos que talvez não seriam aceitos na realidade politicamente correta de hoje.

O último CD de Dicró foi lançado em 2002, quando ele regravou alguns sucessos e três inéditas. O cantor e compositor parte como o Prefeito do Piscinão de Ramos e deixa mais uma vaga na malandragem bem-humorada de um samba que não volta mais.

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